Da Amazônia ao Pantanal

TP

Aug 08, 2025Por Tommaso Pavone

Da Amazônia ao Pantanal: A Luta Pela Conservação dos
Biomas em 2025

O Brasil é um país de dimensões continentais e um verdadeiro tesouro em biodiversidade. Graças à sua variedade de climas, relevo e regimes de chuvas, abriga seis grandes biomas — Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Caatinga, Pantanal e Pampa — cada um com características únicas, espécies endêmicas e grande valor ecológico. Em 2025, no entanto, esses biomas enfrentam ameaças graves e constantes, que comprometem não só os ecossistemas, mas também o bem-estar humano, a segurança alimentar e o equilíbrio do clima no planeta.

Neste artigo, vamos explorar as principais ameaças aos biomas brasileiros e as estratégias de conservação em andamento, além de refletir sobre o papel de cada cidadão na proteção do nosso patrimônio natural. 

Vista aérea de uma floresta tropical no Brasil

O que são biomas? 

Bioma é uma grande área geográfica com vegetação, clima, solo, fauna e flora característicos. Cada bioma reúne um conjunto de ecossistemas interligados e forma uma teia de vida essencial para a manutenção da biodiversidade. No Brasil, os seis biomas terrestres representam cerca de 20% da biodiversidade mundial — uma riqueza que, apesar de impressionante, está ameaçada por diversas atividades humanas. 

Conheça os biomas brasileiros

1. Amazônia

Maior bioma brasileiro, cobre cerca de 49% do território nacional. É a maior floresta tropical do mundo e fundamental para o equilíbrio climático global, sendo considerada o “pulmão do mundo”. Sua biodiversidade é imensa e abriga milhões de espécies, muitas ainda desconhecidas pela ciência.

2. Cerrado

Conhecido como a “caixa d’água do Brasil”, o Cerrado é o segundo maior bioma do país e berço de importantes nascentes e rios. É um dos biomas mais ameaçados, devido à expansão agrícola e ao desmatamento. 

3. Mata Atlântica

Originalmente cobria mais de 1,3 milhão de km² ao longo da costa brasileira. Hoje, restam apenas cerca de 12% de sua cobertura original, fragmentada em pequenos trechos isolados. Mesmo assim, ainda abriga uma das maiores biodiversidades do mundo.

4. Caatinga

Bioma exclusivamente brasileiro, presente no semiárido do Nordeste. Com uma vegetação adaptada à seca, é extremamente resiliente, mas sofre com a desertificação, queimadas e uso insustentável dos recursos naturais.

5. Pantanal

Maior planície alagável do planeta, o Pantanal é vital para a conservação de aves, mamíferos e répteis. Sua dinâmica depende dos ciclos de cheia e seca, mas vem sendo alterada por mudanças climáticas e pela expansão agropecuária.

6. Pampa 

Localizado no sul do país, é um bioma de campos naturais e vegetação rasteira. Menos conhecido, mas extremamente importante, especialmente para o equilíbrio dos solos e da produção de alimentos na região Sul.

Rio da floresta amazônica E pôr do sol e barcos

Ameaças atuais aos biomas em 2025

Desmatamento desenfreado


Mesmo com leis ambientais e ferramentas de fiscalização, o desmatamento segue como a maior ameaça. A Amazônia e o Cerrado, especialmente, sofrem com a derrubada de vegetação para dar lugar à agropecuária, à mineração e à extração ilegal de madeira. Dados recentes indicam que, só nos primeiros meses de 2025, mais de 1.500 km² de vegetação nativa foram perdidos.


Queimadas e incêndios florestais


O Pantanal, que em 2020 sofreu com incêndios devastadores, continua enfrentando focos de calor recorrentes. A seca prolongada e as mudanças no regime hídrico agravam a situação, dificultando o controle do fogo e causando danos irreversíveis à fauna e flora.


Mudanças climáticas


Os efeitos das mudanças climáticas já são visíveis: aumento da temperatura, redução das chuvas, alteração nos ciclos naturais, migração de espécies e desequilíbrio ecológico. Isso afeta diretamente biomas como a Caatinga, que está se tornando mais árida e suscetível à desertificação.


Fragmentação e perda de habitat


A expansão urbana e a infraestrutura (como estradas e hidrelétricas) fragmentam os ecossistemas, isolam populações de animais e plantas e reduzem as chances de sobrevivência de espécies ameaçadas. A Mata Atlântica é um exemplo crítico dessa realidade.

Contaminação e degradação do solo

A utilização de agrotóxicos, fertilizantes e o avanço de monoculturas têm levado à degradação do solo, contaminação de rios e perda de biodiversidade no Cerrado e no Pampa, afetando também populações humanas.

Uma árvore Castanheira gigante, Bertholletia excelsa, na majestosa floresta amazônica em um dia ensolarado de verão. Conceito de conservação, meio ambiente, ecologia, natureza, clima, biodiversidade. Amazonas, Brasil.

Avanços e estratégias de conservação


Apesar dos inúmeros desafios, há sinais positivos. Em 2025, diversas frentes de atuação têm contribuído para a conservação dos biomas brasileiros:


Criação de Unidades de Conservação


O aumento de áreas protegidas, como parques nacionais e reservas extrativistas, é fundamental para a preservação da biodiversidade. O governo e organizações da sociedade civil têm trabalhado na criação de novas unidades, inclusive com foco em corredores ecológicos para conectar fragmentos isolados.


Tecnologia e monitoramento ambiental


O uso de satélites, drones e sistemas de inteligência artificial permite o monitoramento constante do desmatamento, queimadas e invasões ilegais. Ferramentas como o MapBiomas e o DETER, do INPE, ajudam a identificar e combater crimes ambientais em tempo quase real.


Educação ambiental


A conscientização das novas gerações é um dos pilares mais importantes para a conservação. Projetos em escolas, comunidades e mídias digitais têm promovido o conhecimento sobre os biomas, incentivando práticas sustentáveis e o respeito à natureza.


Economia verde e reflorestamento


Empresas e cooperativas têm adotado práticas de agricultura regenerativa, agroflorestas e reflorestamento com espécies nativas, gerando renda e recuperação ambiental ao mesmo tempo. Há também crescimento no apoio a produtos de origem sustentável, como mel da Caatinga, castanha-dopará e borracha nativa da Amazônia.


Povos tradicionais como guardiões dos biomas 

Indígenas, quilombolas e ribeirinhos desempenham um papel vital na preservação. Seus modos de vida sustentáveis são exemplos de convivência harmônica com a natureza. Em 2025, diversas iniciativas de co-gestão de territórios têm fortalecido a presença dessas comunidades nas decisões ambientais.

Close-up de um jovem Jaguar parado em águas rasas no Pantanal Pantanal

O papel de cada cidadão


Proteger os biomas brasileiros não é apenas responsabilidade do governo ou de organizações ambientais. Cada pessoa pode contribuir com pequenas ações no dia a dia:


• Reduzindo o consumo de carne bovina de origem duvidosa;

• Evitando produtos que contribuem para o desmatamento;


• Economizando água e energia;


• Optando por produtos recicláveis e reutilizáveis;


• Participando de campanhas de reflorestamento ou proteção ambiental;


• Apoiando iniciativas e organizações sérias que atuam em defesa do meio ambiente. 

Um lago na forma de um gráfico em ascensão no meio da natureza intocada simbolizando o crescente interesse pela ecologia e conservação da natureza. Renderização 3d.

Conclusão


Os biomas brasileiros são verdadeiros tesouros naturais. Em 2025, diante das ameaças crescentes e da urgência climática global, preservar esses ecossistemas é uma questão de sobrevivência — não apenas das espécies que os habitam, mas também da humanidade. A boa notícia é que ainda há tempo de agir. A ciência, a educação, as comunidades tradicionais e as novas tecnologias mostram que é possível conservar e regenerar nossos biomas. Mas para isso, é preciso compromisso, responsabilidade e vontade coletiva.